27 de mai. de 2010

EVANGÉLICA, MARINA SILVA NÃO TEM APOIO DA ASSEMBLEIA DE DEUS

A Assembleia de Deus, maior igreja pentecostal do Brasil, com 8,4 milhões de fiéis segundo o Censo de 2000, não apoiará a pré-candidata à presidência da República Marina Silva (PV). "O fato de ser evangélica e candidata não é suficiente para a igreja apoiá-la", afirmou o pastor Joel Freire, que trabalha como missionário da Assembleia de Deus nos Estados Unidos.

Filho de José Wellington - presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB) e suplente de Orestes Quércia (PMDB) -, Freire ressalta que Marina precisaria de "outros atributos", como ser "conhecida pela comunidade evangélica e provar que poderia ser presidente".

Evangélica desde 1997, Marina Silva é filiada à Assembleia de Deus, que possui uma estrutura complexa. A igreja, cuja origem data da década de 10 em Belém do Pará, é divida em centenas de ministérios. Divergentes entre si, eles mantêm pouca unidade política e ideológica e, provavelmente, não terão o mesmo candidato nessas eleições. Apesar de não revelarem abertamente a escolha, é quase certo que o eleitorado evangélico se dividirá entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), tendendo mais para o tucano.

"As pessoas votam, cada vez mais, a partir da preocupação instrumental, do que dá fruto, do resultado imediato", afirmou Gedeon Alencar, especialista em ciência da religião e presbítero da dissidente Igreja Assembleia de Deus Betesda em São Paulo. Ele observa ainda que será diferente essa eleição: "Os evangélicos vão se dividir. Há duas décadas os evangélicos foram contra Lula, era mais definido".

Para Alencar, ganha apoio quem tem algo a oferecer. "Mesmo Marina tendo uma marca da Assembleia de Deus, no encontro em Santa Catarina (em maio), quem foi convidado para falar foi o Serra", disse. "Marina teria dinheiro para patrocinar? Não tinha. Então se dá ênfase para quem tem dinheiro para financiar", afirma.

Caráter laico

Lideranças do PV em São Paulo acreditam que o fator religião pode ajudar na conquista de mais votos. "Evidente que há uma identificação com os cristãos. Quero crer que isso pode ajudar", disse Maurício Brusadin, presidente do diretório do PV em São Paulo.

Mas é o discurso de tom laico que demonstra, para o cientista político da Unesp, Marco Aurélio Nogueira, o quanto a pré-candidata tenta "driblar e neutralizar" esse ponto.

"A fé é mais um ônus do que um bônus para ela", afirma. Para Nogueira, o fato de Marina ter opiniões de fundo religioso pode afastar um tipo de eleitor "mais racional", que apoiaria a causa do desenvolvimento sustentável. "Hoje, mais atrapalha do que ajuda. Tanto que ela não esta trabalhando esse ponto. A vitória dependerá muito das questões que vai privilegiar na campanha".

Fonte: Terra

20 de mai. de 2010

COLHER DE CHÁ NA BATALHA


Há algum tempo, quando ainda brincava com os colegas da vizinhança na terra dos caetés, onde morava, por ser o mais novo da turma, nas disputas e jogos eu era tão insignificante que não contavam comigo para não deixar frágil a equipe que eu participava, esse ato nobre de dar um membro a mais a equipe se chamava “colher de chá”[1] e o nome desse membro mais fraco era o “café com leite”[2]. Por que me lembrei disso?
Porque tive o privilégio de ver de perto um oleiro fabricando vasos. Ele primeiro sai de sua casa com uma enxada nas costas a procura de um barro bom para o fabrico dos vasos. Após achar uma boa argila ele a recolhe e se dirige a sua oficina, coloca o barro ainda sem forma em uma roda. A que eu vi ainda era manual, pois ele fazia a roda girar pressionando uns pedais.
Com muita habilidade nas mãos ele começa a dar forma àquele barro e de início faz a base, depois cuida do interior do pote e depois de algum tempo naquela roda, ele cuida do exterior fazendo um bonito acabamento. Trabalho encerrado? Não. Está concluída apenas a primeira fase, pois a parte mais difícil é a fase que o pote é levado ao fogo.
Depois de aquecido o forno, os diversos vasos são colocados nele. Quem já observou o processo sabe que nem todos os vasos ficarão aptos para o uso, pois alguns poucos ficarão crus, outros no ponto, mais uma boa parte deles ficaram queimados, fazendo seu valor cair. Há ainda os que não aguentarão a intensidade do fogo fazendo o vaso rachar ou estourar, perdendo todo seu valor.
Na época em que Paulo escreveu a sua segunda carta aos coríntios, era comum guardar valores e tesouros em vasos (no grego ostrakinos) de barro cozido, material comum e frágil.
Mas qual o objetivo de Paulo ao nos comparar com esses vasos? Qual a real necessidade de o vaso ser moldado e ir para o fogo?
Ora, o vaso é moldado e cozido conforme as habilidades Oleiro, e é Ele quem dá a forma e sabe qual é o uso que aquele vaso terá após o fabrico. O Oleiro não só sabe, como Ele mesmo é quem estabeleceu os seus desígnios para nós. A necessidade de todo processo é estarmos preparados para as intempéries da caminhada quando chegarem os dias maus.
Por isso vaso cru ou apenas chamuscado, não serve para um trabalho árduo, pois não aguentará o peso da obra.
Ressaltando que em recentes aulas do Pastor Antônio Gilberto em Alagoas[3], um de seus ensinamentos que me chamou a atenção, foi que nas diversas vezes que Deus exortou ao povo a andar no caminho certo, Ele afirma primeiro para não nos desviarmos para direita, depois para esquerda. Afirma o grande professor que o povo de Deus tem uma tendência maior a se desviar para o fanatismo do que para o liberalismo, ou seja, a maioria dos vasos recebe fogo demais, diminuindo seu valor ou até mesmo o perdendo.
Primeira grande lição, Deus nos afirma que a virtude está no meio, o vaso tem que ser cozido ao ponto, para suportar o peso da obra a qual ele foi destinado.
Além do mais, ventilamos o paradoxo do ministério apostólico de Paulo e, mais uma vez, esse tema é abordado em seus ensinamentos (At 4.8-9), até porque o sofrimento fez parte do seu chamado.
Durante a escolha de um vaso chamado Paulo de Tarso, o próprio Deus afirmou ao profeta Ananias: “Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome” (At 9.15-16 – original sem negrito).
Quando Paulo entendeu que ele era um vaso escolhido por Deus e que todo vaso tem que passar pelo molde e pelo fogo, ele deixou uma dos mais belos ensinamentos sobre o sofrimento dos justos, vejamos: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (At 4.8-9).
Afirma James Hermano: “Paulo entendeu seu papel como vaso escolhido para levar esta luz tanto para judeus como para os gentios, mas ele também sabia do sofrimento que sua chamada exigia”[4]
O que Paulo estava querendo dizer à igreja em Corinto com esse jogo de palavras? Finnis Jennings Dake faz a seguinte observação ao comentar esses versículos:
Quatro pares de expressões de sofrimentos: 1 Pressionados, mas não sufocado. 2 Estarrecidos, mas não totalmente frustrados. 3 Perseguidos, mas não capturados. 4 Enfraquecidos, mas não fora da peleja. Os dois primeiros referem-se a uma luta; o terceiro a uma corrida e o quarto, ao pugilismo (original sem itálico).[5]
No gancho desse estudo falei de minhas disputas na infância, exatamente nesse ponto é que ganha importância. Ora, uma disputa espiritual direta entre Deus e o diabo seria desigual, já que Deus é o Dono de todo poder.
Acredito que Deus resolve dar uma colher de chá a seu adversário e mostrar que pode vencê-lo usando um café com leite, usando o material mais comum, simples e frágil da terra: o barro.
Imaginemos o seguinte: inicia-se uma luta, de um lado um adversário que tem um sistema corrompido e dominado por ele e um forte poder de cegar os entendimentos (2 Co 4. 4). Por ter certa força, ganhou diversas alcunhas, entre as mais aterrorizantes: leão que ruge, serpente e dragão. No seu currículo vasto: algumas vitórias sobre homens que se renderam aos seus pés, mas também muitas derrotas.
Do outro lado um frágil vaso feito de barro, mas treinado por um Grande Oleiro. No 1º round, o leão que ruge parte com tudo para cima, oprime e pressiona o pequeno vaso ao ponto de desanimá-lo e deixá-lo estarrecido com a violência dos seus fortes ataques.
O ataque continua e nessa investida com uma chave de braço, quando o pequeno vaso está prestes a sucumbir o Oleiro pede tempo e dá ao vaso uma espécie de líquido, imediatamente o vaso se reanima e parte para o 2º round.
O round é em outra modalidade, uma espécie de corrida, mais uma vez o adversário sai na dianteira com toda força agora no ímpeto de um dragão, mas o pequeno vaso se recupera e toma a liderança, ao vê-lo na liderança o dragão usar todas as forças de suas garras e começa a perseguir o vaso, todavia mais uma vez, o vaso é fortalecido por um líquido que é depositado em seu interior e termina o 2º round na dianteira.
O adversário não se dá por vencido e volta para uma modalidade semelhante a do 1º round, o pugilismo, no round final, o adversário com o ímpeto de serpente, parte com fortes cruzados nos pontos fragilizados do vaso, chegando inclusive a enfraquecê-lo, desnorteá-lo e abater a sua confiança na vitória.
Mas quando pela terceira vez, o perigoso adversário pensa que o vaso vai jogar a toalha branca e vai perder, uma vez que está prestes a levar o golpe fatal… mas de novo o Oleiro entra no ringue e pede tempo técnico, desta vez não só enche o pequeno vaso de um líquido precioso, mas enche-o até transbordar, o pequeno vaso se levanta e brada: “a luta ainda não acabou”. O vaso cheio de ousadia invade o espaço da serpente, levando à lona, a amarra e ainda ganha preciosos bens como troféu, saindo vitorioso na batalha.
Gritam da platéia: “Por que o Poderoso Oleiro não lutou pessoalmente com seu adversário?”. Ao passo que o Oleiro responde: “porque ainda tem vasos de barro para usar na terra!”.
Continua: “Além do mais, vou explicar o segredo da vitória, o vaso realmente é frágil, mas Eu o moldo com Minhas próprias mãos e o faço passar pelo fogo para que ele suporte carregar um preciso tesouro dentro de si, que é a arma secreta da peleja. Não é pela força nem por violência, mas pelo meu Espírito”.
Paulo conheceu aflições que pressionavam-no de todos os lados, porém nunca foi cercado ao ponto de ser esmagado. Encontrou-se em circunstâncias desnorteantes, mas nunca chegou ao ponto de se desesperar. Seus inimigos haviam seguido seus passos, mas Deus nunca deixou cair em suas garras. Abateram até o chão, porém foram impedidos de dar o golpe fatal![6]
Entendem porque Paulo já tinha afirmado: “Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1 Co 9.26-27).
Vale citar a mesma referência na NTLH: “Por isso corro direto para a linha final. Também sou como um lutador de boxe que não perde nenhum golpe. Eu trato o meu corpo duramente e o obrigo a ser completamente controlado para que, depois de ter chamado outros para entrarem na luta, eu mesmo não venha a ser eliminado dela”. Aleluia!
Felipe J. L. Campos
NOTAS

[1] Etimologicamente a expressão era utilizada para dar ao adversário algo para fortalecê-lo e equilibrar a disputa, uma vez que na época da popularização da expressão o chá era usado como remédio.
[2] Essa expressão é usada para denominar aquela pessoa que está abaixo do nível dos demais competidores, uma vez que o leite no café reduz seu gosto forte. Café com leite é uma pessoa fraca em disputas, no nosso contexto, um vaso de barro.
[3] Em 28.10.2009 na 86ª Escola Bíblica de Obreiros em Maceió-AL.
[4] COMENTÁRIO BÍBLICO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.1091.
[5] BÍBLIA DE ESTUDO DAKE (ARC). Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.1856.
[6] COMENTÁRIO BÍBLICO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.1091

5 de mai. de 2010

TEOLOGIA - Entendendo o triunfo e a fragrância

No segundo capítulo, versículo dois da segunda epístola de Paulo aos coríntios, ele fala de alegria e tristeza. Alegrou-se no versículo doze do mesmo capítulo por uma porta que o Senhor abriu, mas no versículo seguinte se entristece porque não encontrou a seu amigo Tito, corroborando para o que afirmamos na introdução sobre o paradoxo na vida de Paulo.

Após tudo isso Paulo escreve: “E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar o cheiro do seu conhecimento” (2 Co 2.14)”.

A maioria dos estudiosos entende que ao fazer a declaração acima, Paulo faz uma alusão ao chamado triunfo, que era um desfile onde os generais romanos, após a vitoriosa campanha militar, passeavam por toda cidade exibindo os presos condenados à morte, que permaneceram fiéis ao general derrotado, e os salvos da pena de morte, mas condenados à escravidão, pois mudavam de lado e decidiam seguir ao General Vitorioso. Ainda durante esse desfile, o Cortesão ia à frente espargindo perfumes ou incensos.

Temos que entender, que o Cortesão que conduz o desfile é Deus e o General Vitorioso (Varão de Guerra) é Jesus, Ele pelejou contra os exércitos do mal, ao qual toda a humanidade fazia parte – inclusive você e eu, e saiu vitorioso.

O mesmo Varão que feriu a Jacó, foi o que nos feriu e fez a seguinte proposta: mudar de lado na batalha ou permanecer fiel ao seu general derrotado. Os que não aceitam a proposta, a fragrância que se espalha por todos os lugares tem cheiro de morte, mas para os que passam, mesmo feridos, para o lado de Cristo, passam a ter a pena de escravos de Cristo e direito à vida. Por isso Paulo afirmou: “Porque para Deus somos o bom cheiro de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para estes, certamente, cheiro de morte para morte; mas, para aqueles, cheiro de vida para vida. E, para essas coisas, quem é idôneo?” (2 Co 2.15-16).

O Cortesão deu seu próprio General, pois se agrada com o cheiro do General ferido, mas vitorioso, para nos salvar da condenação da morte. Durante a crucificação além de ferido, Jesus foi literalmente moído por nossas iniquidades (Is 53.5). Morreu, mas ao terceiro dia ressuscitou!

Um dos hinos mais belos que ouvi é “Above all” de Michael W. Smith, em especial na estrofe que afirma: “Crucified laid behind the Stone. You lived to die rejected and alone. Like a Rose trampled on the ground. You took the fall and thought of me.” Que em livre tradução é “Crucificado, deixado no sepulcro. Vieste morrer, rejeitado e só. Como uma rosa, jogada no chão. Foste por nós, pensastes em mim”.

Jesus no calvário foi esmagado (moído) como uma flor, para que a sua fragrância se impregnasse em nós e espalhássemos o “bom cheiro de Cristo” por todas as partes.

Hoje, a semelhança de Jesus, nós somos essa flor esmagada e quanto maior o sacrifício do nosso ministério, mais o “bom cheiro de Cristo” vai exalar de nós. Paulo afirmou: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo[…]”.

O ministério de Paulo reside em sacrifícios tal como todos os ministérios autênticos, pois são nas lutas e sofrimentos, que a boa fragrância de Jesus Cristo emana do nosso ser e os milagres acontecem nos fazendo triunfar. Aleluia!

A glória do ministério cristão está, verdadeiramente, na simplicidade, sinceridade e franqueza com que se anuncia o Evangelho. Paulo tinha desejo de espargir o “bom cheiro de Cristo” por todas as partes. E de fato o fez através do seu sacrifício e de seus discípulos – mestres autênticos – o Evangelho se expandiu, impactou a Europa, a América, o mundo e chegou até nós.

Felipe J. L. Campos

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