5 de nov. de 2011

As origens da violência miguelense (III)


Em recente pesquisa IBOPE, sobre as principais preocupações dos brasileiros, a segurança pública ficou na 3ª colocação com 13% dos votos. Na comparação entre as regiões, os nordestinos se destacam: são os que mais se preocupam com este item e os que convivem com os maiores índices de violência.

Essa preocupação é interessante, pois denota mais um novo fator desencadeador de violência: a migração da criminalidade, pois há três décadas esses fenômenos eram limitados aos grandes centros urbanos da Região Sul/Sudeste.

Mais recentemente, em 1997, tive a oportunidade de por dez anos estudar em Maceió, capital alagoana, e morar em São Miguel dos Campos e, apesar de ser muito novo na época, pude perceber que enquanto alguns pais se preocupavam com o envolvimento dos seus filhos com as drogas ilícitas e a própria segurança deles, devido o início das primeiras ações dos pequenos traficantes e de “trombadinhas”, os pais dos jovens miguelenses, no interior de Alagoas, ainda não tinham essas preocupações.

Além do mais, apesar do início dessas primeiras ações na capital alagoana, a nossa criminalidade violenta, por ser tão ínfima, não era motivo de preocupação. Diferente de outra capital nordestina, Recife, em que o fenômeno da criminalidade já era mais complexo e enraizado, pois lá já havia ação de grandes grupos criminosos.

No ano passado, passei alguns dias em Recife e fui ao centro da cidade, no local conhecido como Marco Zero, local que era tomado pela ação de criminosos, e tive uma boa surpresa, pois pude ver pessoas passeando tranquilamente com seus cônjuges e filhos usando livremente seus bens de consumo (iPhones, bolsas e relógios caros), atitude impensável no início da década de noventa. A ordem social foi restabelecida como fruto de uma gestão dinâmica, pesquisa, investimento e comprometimento do último mandatário do Estado de Pernambuco, tal como o de Sergipe e de alguns outros Estados onde houve redução da criminalidade.

A pergunta é retórica, mas eu a faço: Onde estão os criminosos que atuavam em maior número no Estado de Pernambuco/Sergipe e nas grandes cidades da Região Sul/Sudeste?

Estão implantando seus braços criminosos em locais onde não havia um “know-how” de combate ao crime, pois nunca tinham enfrentado esses problemas. Logo, está havendo uma migração da criminalidade dos grandes centros urbanos para os pequenos centros, isso também se chama de interiorização da criminalidade.

Logo, a terceira causa para tanta violência em São Miguel dos Campos é a migração da criminalidade oriunda de grandes centros urbanos. Li nesse site uma matéria que afirma que está sendo estudo a implantação de uma base de polícia comunitária no bairro Hélio Jatobá. Com certeza a violência na parte alta vai reduzir, mas não em toda cidade, pois se não se tomar outras medidas conjuntas, irá aumentar ainda mais a violência na parte baixa de São Miguel.

Precisa-se levar a segurança pública a sério, inclusive com aumento da dotação orçamentária; conscientização da iniciativa privada da importância de investir na segurança pública e abandono de discursos falaciosos tais como, é preciso melhorar os índices sociais e a educação para diminuir a criminalidade, se isso fosse totalmente verdade, o Brasil não seria sete vezes mais violento que as Filipinas. Nas próximas postagens continuaremos a nos aprofundar nesse tema. Até lá.

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(publicado no alagoasweb.com)

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