29 de ago. de 2012
19 de mai. de 2012
30 de mar. de 2012
Valorização profissional é o melhor caminho para redução da criminalidade
A reconstrução da ordem e paz social, tal como sua desconstrução, é um processo gradual que leva anos para ser modificado.
A atual violência que assola nossos rincões iniciou muito antes do que se pensa, passando pelo maldito acordo dos usineiros, que fomentou a desigualdade social e tolheu o poder do investimento do Estado; pela falta de antecipação na criação de um programa de valorização e aperfeiçoamento das instituições de segurança e pela ausência de planejamento estratégico das gestões mais recentes no combate à criminalidade.
Mais especificamente na terra dos caetés, apesar de todas recentes medidas adotadas e do suave aumento da sensação de segurança, percebemos que a violência e criminalidade, bem como a redução do número de homicídios não reduziram.
Já discorremos sobre os fatores que desencadeiam o aumento da criminalidade nos municípios e algumas formas simples de combatê-la. Mas uma das principais que faltou mencionarmos é a motivação dos agentes aplicadores da lei. Isso é fato: um profissional motivado vale por mil desmotivados.
Percebamos que o Estado da Bahia, igualmente aos demais Estados que não têm uma política salarial honesta dos seus servidores, está sucumbindo diante da criminalidade. Pela falta de diálogo do Governador Petista Jaques Wagner que tomou uma atitude radical em relação aos representantes dos profissionais de segurança pública, bem diferente da postura que adotara quando era Deputado Federal e fazia críticas ao seu antecessor no governo baiano por conceder aumento salarial para seus servidores.
No extremo oposto a esses Estados, está o Governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), que remunera os profissionais de Segurança Pública de uma forma justa, inclusive com a implantação de um plano de cargo, carreira e salário. Medidas como essa conseguiu transformar o município de Aracaju, capital de Sergipe, no segundo melhor lugar do Brasil em qualidade de vida para se viver. A violência, criminalidade, serviços públicos precários poda-nos a paz e rouba-nos o sossego.
Diante disso, consignamos aqui nosso elogio ao passo que afirmamos que o aumento salarial de 45% por cento nos salários (20% na base salarial e 25% da periculosidade) dos Guardas Municipais foi uma excelente medida do Prefeito do Município de São Miguel dos Campos, George Clemente (PSB). Temos certeza que esse aumento vai contribuir para uma maior motivação desses servidores municipais que atuam da linha de frente de proteção do próprio município e para o gradual processo de reconstrução da paz. Essa política salarial tem que ser adotada por todos os gestores de Segurança Pública.
Todavia, além da valorização salarial é necessária ainda, no âmbito de todas as instituições de segurança, a aprovação de um plano de cargo, carreira e salário para que o profissional da segurança pública tenha uma perspectiva de futuro e se sinta valorizado. Em contrapartida, o gestor não pode deixar de exercer o controle sobre seus funcionários que pratiquem atos ilegais através do fortalecimento das corregedorias e consequente demissão de servidores da segurança que não honrem seu ofício, pois se não honram não são dignos dele. Mas os que o dignificam merecem ser reconhecidos, pois valorização profissional é o melhor caminho para redução da criminalidade.
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segurança pública
2 de mar. de 2012
AS ORIGENS DA VIOLÊNCIA MIGUELENSA - PARTE FINAL
Encerraremos a série de artigos
sobre as origens da violência miguelense, apontando mais duas causas do aumento
da criminalidade na Terra dos Caetés: a desestruturação
familiar e o aumento da cultura do
consumo. Antes de discorrer sobre elas, é necessário fazer uma
retrospectiva das demais causas:
1) Ocupação de áreas sem
planejamento, o que gerou o bolsão de misérias Hélio Jatobá. Entenda “sem
planejamento”, como a falta de plano diretor, área verde, área de lazer,
saneamento básico, postos policiais e etc.
2) O segundo motivo do aumento da criminalidade foi à boa mudança ideológica dos gestores de
segurança pública somada à falta de modernização da forma de gerir a segurança
pública.
3) A terceira causa para tanta violência em São Miguel dos Campos
foi a migração da criminalidade
oriunda de grandes centros urbanos, também chamada de interiorização da criminalidade.
Após essa apertada síntese, passaremos
a analisar mais prováveis causas.
4) No que tange à desestruturação
familiar, pesquisas recentes mostram o surgimento de novos arranjos
familiares, a saber, famílias monoparentais (feminina ou masculina),
biparentais (hétero ou homossexuais) e reconstituídas. Que são, no nosso entender,
extremamente nocivas ao desenvolvimento sadio das crianças.
Sabemos que a família é a célula
mãe da sociedade e toda vez que esse instituto sofre perdas, a própria
sociedade também sofrerá. Em regra, a maioria das mentes criminosas é oriunda
dos novos arranjos familiares ou de famílias “tradicionais” desestruturadas,
como por exemplo, pais que espancam seus filhos, pais que não dedicam um tempo
para seus filhos ou são permissivos demais ou até mesmo não amam seus filhos. É comprovado que a maioria dos criminosos durante
a infância não recebeu carinho (abraços, afagos etc).
Por outro lado, mesmo para as famílias
com prognósticos negativos, se o amor reger as ações pedagógicas, a criança
terá toda uma propensão ao desenvolvimento sadio. Lembramos apenas que o
verdadeiro amor, segundo o Apóstolo Paulo, “não folga com a injustiça”,
encobrir erros de filhos é um erro gravíssimo, pois estaremos praticando
injustiça e destruindo sua moral.
5) E o quinto e último motivo do aumento da violência em nosso município
é o aumento da cultura do consumo,
nas últimas décadas fomos altamente influenciados pelo o que conhecemos por
“american way of life” ou estilo de vida americano, onde passamos a ser
aquilatados por aquilo de temos e não pelo que somos.
Isso é lastimável! Até pouco
tempo não havia uma formação de tribos ou guetos de acordo com os bens que
possuíamos, até porque não havia disponibilidade de tantos bens de consumo,
além do mais, as pessoas eram mais conformadas com o que tinham e não deixavam
de suprir suas necessidades básicas em detrimento de algo supérfluo.
Hoje se um jovem ou adolescente
quiser ser aceito em alguns grupos tem que possuir roupas de grifes, iphones,
tênis importado e outras banalidades, ou seja, os jovens buscam se diferenciar
dos demais, através do uso de marcas famosas, se igualando a outro grupo de
pessoas, o das fúteis que tem dinheiro para comprar bens de consumo.
Paradoxalmente, tentam se diferenciar se igualando, sem entender que roupas
caras não mudam ninguém.
Tenho muitos amigos que nunca
passaram necessidades materiais, mas pelas vias normais, demorariam algum tempo
até possuírem alguns bens de consumo, pois para consegui-los honestamente,
sendo bem sucedidos profissionalmente, é processo que leva tempo, por isso
enveredaram para o crime.
No nosso município isso é
ampliado, pois a economia gira em torno do São
João é São Miguel. Jovens passam o ano todo tentando de todas as maneiras
conseguir dinheiro para ostentar os seus bens (roupas caras, carros customizados,
sons potentes, “whiskies” 12 anos, etc) durante os 20 dias de festas. Caso não
consigam licitamente, se suas famílias forem desestruturadas, não hesitaram em
delinquir para conseguir seus objetos de desejo.
Será que é proporcional o aumento
da criminalidade decorrente da propagação da cultura do consumo decorrente do
São João em São Miguel em relação à renda sazonal gerada por esse evento?
Cremos que geraria um menor
impacto se a comemoração voltasse a sua origem, como em 1990, em que se tinham
as apresentações verdadeiramente culturais (quadrilhas, coco de roda, etc) e a
parte dos mega shows fossem cobrado ingressos a preços módicos, pois não
visaria lucro.
Concordo plenamente com o que
disse a Desembargadora Nelma Padilha se referindo a Prefeitura de São Miguel: "É absurdo o que as prefeituras gastam
com artistas famosos”. Pois apesar de uma parte dos estimados 2 milhões
gastos do São João em São Miguel sejam
de investidores privados, cremos que não é justo tanto dinheiro ser torrado em futilidades,
pois a contratação de bandas/cantores por cachês milionários não é cultura
popular e nem a fomenta. Isso é apenas a consolidação da cultura do consumo e
da política do pão e circo. Por que não investir essa grana em construção de
museus, parques, quadras poliesportiva em bairro vulneráveis ou quem sabe
centros realmente culturais?
Diante de tudo isso, temos que
entender e fazer com que nossos familiares e amigos entendam que o bem mais
precioso é a família e temos que lutar por ela e passá-los a preciosa lição que
as pessoas valem aquilo que não se pode aquilatar economicamente, que é o seu
caráter e a sua reputação. Só assim começaremos a reduzir nossos alarmantes
números relacionados à violência e criminalidade.
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