23 de out. de 2011

AS ORIGENS DA VIOLÊNCIA MIGUELENSE (II)


Gostamos muito da repercussão positiva, em especial nas redes sociais, das primeiras linhas sobre esse tema que resolvemos discorrer em pequenas pílulas de conhecimento para que haja a maior participação de todos nessa problemática que assola a Terra dos Caetés: o aumento da criminalidade.

Esse debate está sendo não só muito interessante como necessário, porque a violência no município em questão não vai reduzir, nem mesmo dobrando o efetivo das forças policiais e a equipando com as melhores viaturas e armas de combate ao crime, se nós não entendermos o porquê do aumento da criminalidade, seria como enfrentarmos um inimigo invisível. Tal como na mitologia egípcia, em que a Esfinge devorava os viajantes perdidos caso não respondesse corretamente aos seus enigmas, nós seremos devorados pela criminalidade se não decifrarmos as origens do aumento da criminalidade miguelense. Esse é nosso intuito. Como respondemos a alguns colegas, não vamos impor verdades, tão somente expormos opiniões. Que o prezado leitor julgue e contribua conosco.

Na primeira pílula apontamos a ocupação desestruturada que fomentou a criação de um bolsão de misérias como foco da criminalidade violenta, mas deixamos uma indagação no ar: Por que não houve o aumento da criminalidade na época da doação dos terrenos do bairro Humberto Alves?

Responderemos sem receio a essa pergunta e afirmaremos o que não ouvimos nenhum especialista em segurança pública afirmar. O principal motivo foi à diminuição, ou quem sabe a erradicação da “faxina ética” realizada por alguns gestores de segurança pública, em que o próprio Estado fingia que não via ocorrer debaixo de suas barbas.

Apesar de algumas pessoas ainda hoje defenderem essa prática vil, não concordamos com ela, pois iguala o agente aplicador da lei ao próprio criminoso. Por outro lado, o fato é que quando algum líder de quadrilha ou bando estava prestes a cruzar a fronteira do Estado de Alagoas e lembrava-se da reputação dos “Anjos da Morte Alagoanos”, dava meia volta. Caso insistisse, seria quase um suicídio, pois seria o fim da sua carreira de crimes. Aliás, quem nunca ouviu falar de pessoas que eram colocadas no “carro do Vasco” e nunca mais se ouvia falar delas?

Pois é. Esse é o método fácil, mas errado de “erradicar” a criminalidade. Destacamos a palavra erradicar, pois o crime não acaba, ele só muda de lado.

Dessa forma, o segundo motivo do aumento da criminalidade foi à boa mudança ideológica dos gestores de segurança pública somada à falta de modernização da forma de gerir a segurança pública. Isso é semelhante àquela regrinha dos sinais: mais (+) com menos (-) é igual (=) a menos (-). A primeira parte foi correta (+), mas a segunda lastimável (-) e gerou (=) esse descalabro da ordem social (-).

Repetimos, a nova ideologia é a correta, mas teria que na transição ter se investido muito mais na modernização da gestão, que não é só armas, isso é o mínimo. Teria que se ter aplicado os recursos no desenvolvimento dos agentes aplicadores da lei, na celeridade dos meios de repressão à criminalidade e em estudos científicos para se antecipar aos fatos e não agir depois dos fatos ocorridos, por isso é que, infelizmente, temos a sensação de que estamos sendo devorados pela criminalidade. “Decifremo-la ou continuaremos sendo devorados”.

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(publicado no alagoasweb.com)

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