20 de jul. de 2023

O HINO QUE EMBALOU O AVIVAMENTO DA RUA AZUSA

Frank Bottome

Sabemos que a chave para todo avivamento é a palavra de Deus, mas também é manifesto que o santo Deus habita entre louvores (Sl 22.3). Não há quem não tenha sido levado às lágrimas pela letra e a melodia de um hino específico. Podemos citar, por exemplo, o hino “Eu Navegarei”, que se tornou um clássico no meio pentecostal. 

No segundo livro dos Reis de Israel (2 Rs 3), nos chama a atenção a confederação de Reis que iriam morrer de sede no deserto de Edom após sete dias de marcha. Foi então que o Rei Josafá foi usado para indagar se não havia algum profeta naquelas cercanias para que fosse consultado e apontasse um caminho para a situação crítica. A resposta positiva veio por meio de um conselheiro do Rei Jorão que falou sobre o profeta Eliseu, filho de Safate (2 Rs 3.11). Mas, quando Eliseu olhou para o Rei de Israel (Jorão) ele ficou furioso porque ele era descendente do rei idólatra Acabe. O profeta só decidiu ajudar por respeito ao Rei Josafá. Mesmo com o coração endurecido, ele pediu que trouxessem um tangedor. Enquanto o harpista estava tocando, o poder de Deus veio sobre Eliseu e ele profetizou de forma gloriosa (2 Rs 3.15). 

No segundo testamento, no Evangelho escrito por João, nós lemos a declaração do próprio Jesus acerca do que move o coração do pai é a adoração em espírito e em verdade (Jo 4.23). 

Enfim, durante o período de avivamento da Rua Azusa, em Los Angeles, que durou de 1906 a 1909, houve um abundante derramar do Espírito Santo de Deus manifesto no exercício de dons espirituais, com inúmeros relatos de curas instantâneas, batismos no Espírito Santo e profecias. 

O escritor Silas Daniel, no livro “A história dos hinos que amamos”, relata que “a maioria dos hinos cantados vinha da tradição do Movimento da Santidade e que a ‘canção tema da Missão [da Fé Apostólica] era o hino The Comforter Has Come, de Frank Bottome”. Relata ainda que esse hino era um dos favoritos do pastor William Seymour e dos irmãos em Azusa. Frank Bottome foi pastor metodista que fez a letra do hino. A melodia, igualmente bela, foi composta pelo músico também metodista William Kirkpatrick. Em 1941, esse hino ganhou uma versão do pastor Paulo Leivas Macalão no hinário pentecostal assembleiano e passou a se chamar “O Bom Consolador”, que é o número 100. Abaixo seguem os vídeos com a versão original inglesa e a brasileira:

18 de jul. de 2023

O ENCONTRO DE TOMMY HICKS COM JUAN PERÓN

 

T. Hicks e Juan Perón

Tive contato com a biografia do evangelista norte-americano T. Hicks durante um sermão do Rev. José Orisvaldo Nunes de Lima no culto de doutrina no tempo sede da Assembleia de Deus em Alagoas e procurei conhecer um pouco mais sobre esse grande avivalista que incendiou a cidade Buenos Aires através de campanhas evangelísticas confirmadas com sinais. Não vou abordar tudo que aconteceu nos cinqüenta e quatro dias que ele visitou a capital argentina, mas apenas destacar seu encontro com o presidente argentino.

A visão

Enquanto orava, ele viu claramente um mapa da América do Sul coberto por um extenso campo de trigo amarelo, com os talos inclinados e prontos para a colheita. Enquanto contemplava aquele belo quadro de trigais sob o sol do meio-dia, os talos de trigo começaram a se transformar repentinamente em corpos humanos, homens e mulheres com as mãos levantadas, clamando: “Venha, irmão Hicks! Venha nos ajudar!”.

Desde esse momento, Hicks ficou convencido de que Deus lhe reservava uma tarefa especial na América do Sul. Por que na América do Sul? Ele não tinha nenhum conhecimento sobre aquela região do mundo, mas não tinha dúvidas sobre o mapa que tinha visto. Em seguida, enquanto continuava a orar Deus lhe deu uma profecia que ele escreveu na Bíblia: “Não cairão duas nevascas sobre a terra antes que você vá para esse país, pois você não irá por mar ou por terra, mas voará como um pássaro”.

Providência inicial

Assim que pôde, Tommy Hicks pagou todas as suas dívidas e fez os preparativos necessários para viajar para uma região desconhecida. Ele tinha pouquíssimo dinheiro, mas de repente começou a receber uma quantidade extraordinária de correspondência, grande parte dela com contribuições espontâneas. Em um período de dez dias, ele conseguiu o suficiente para comprar uma passagem só de ida para Buenos Aires, Argentina, e ficou com 47 dólares. Um grupo de amigos foi se despedir dele no Aeroporto Internacional de Los Angeles, dando-lhe uma doação adicional de 200 dólares para suas despesas.

“Quando parei para pensar - diz Hicks - parecia verdadeiramente ridículo estar indo para um país desconhecido, onde as pessoas nem sequer me conheciam e eu não falava o idioma. Tudo isso com poucos dólares no bolso. No entanto, no fundo da minha alma, eu me sentia em paz com Deus...”.

“Perón, Perón...” Na última parte do voo, depois de realizar várias reuniões evangelísticas em Temuco, Chile, o nome de Perón começou a surgir na mente de Hicks. Ele não tinha a menor ideia do que significava a palavra “Perón”, mas tinha uma profunda convicção de que Deus estava falando com ele. Então ele chamou a comissária de bordo e perguntou: “Você conhece alguém por aqui chamado Perón?” A jovem pareceu surpresa e respondeu: “Sim. O senhor Perón é o Presidente da Argentina.”

Hicks na Argentina

O mandato ficou claro para Hicks. Deus queria que ele falasse com o Presidente da nação. Os missionários com quem entrou em contato ao chegar na capital argentina aconselharam-no a não tentar conseguir uma entrevista com o Presidente. Eles duvidavam muito que ele a conseguisse. Além disso, temiam que ao se aproximar do escritório do Presidente, corresse o risco de ser preso.

Sem se intimidar, Hicks solicitou uma entrevista com Juan Domingo Perón. Depois de insistir em seu pedido, foi recebido no escritório do ministro das Relações Exteriores; mas parecia que não iria mais longe dali. Perón não podia receber mais visitantes naquele dia, pois esperava a visita do presidente do Panamá.

Deus abriu a porta

Então o secretário do ministro das Relações Exteriores entrou mancando no escritório. Sua perna esquerda estava machucada e seus músculos rígidos. Seu joelho também estava muito inchado e ele pediu permissão para ir para casa. Hicks sugeriu que orassem por ele. O secretário zombou dele, dizendo: “Mesmo que Jesus Cristo estivesse aqui, ele não poderia curar minha perna”. Tommy Hicks deu alguns passos em direção ao homem, ajoelhou-se e colocou suas mãos no joelho ferido. Então ele orou, pedindo a Deus que manifestasse seu poder. Hicks sentiu os músculos começando a relaxar. O secretário abriu muito os olhos, cheio de surpresa. A dor tinha desaparecido! Hicks se dirigiu ao ministro, que ficou como que em transe, e perguntou: “Posso ver o Presidente agora?”. “Eu mesmo o levarei”, respondeu o ministro, com um sorriso amigável.

Deus abriu a porta e preparou o caminho. O Presidente Perón foi cordial e afetuoso. No final da entrevista, ele deu um abraço em Hicks, agradeceu sinceramente sua visita e oraram juntos. Em seguida, Perón ordenou a seu assistente que desse a Hicks o que ele pedisse. O primeiro pedido que ele fez e lhe concederam foi o uso de um grande estádio e livre acesso à imprensa e à rádio do governo.

Avivamento argentino

Embora o evangelista Hicks estivesse principalmente ligado à União das Assembleias de Deus na Argentina, a campanha teve a adesão e participação ativa de praticamente todo o movimento pentecostal no país. É importante mencionar que outros grupos denominacionais não pentecostais, conjuntos e pastores em particular também se uniram completamente à atividade.

Primeiro, o evento foi realizado no estádio do Atlanta e depois no estádio do Huracán. A campanha ocorreu durante 54 noites, entre os meses de abril e junho de 1954. Na última etapa, estima-se que cerca de 300 mil pessoas compareciam a cada noite, o estádio do Huracán comportava na época 85 mil espectadores nas arquibancadas, além das pessoas no campo e ao redor do estádio. 

Estudos sobre a igreja revelaram a importância crucial que a campanha de Tommy Hicks teve em 1954 para a Igreja Evangélica na Argentina. Arno Enns, autor de um livro clássico de história eclesiástica da Argentina, descreveu a campanha de Hicks como “um evento soberano de Deus, de importância decisiva”.

O livro “Avanço evangélico na América Latina”, de grande influência, diz: “Muitos evangélicos da República Argentina, concordem ou não com a teologia de Hicks, admitem que suas reuniões quebraram a rígida resistência argentina ao testemunho evangélico”.

Os números definitivos podem variar, mas, no total, aproximadamente dois milhões de pessoas ouviram a mensagem das Boas Novas do Evangelho. 


1 de ago. de 2021

EM BUSCA DA SEGUNDA CHANCE


Texto: Mc 10.46 1 ; Lc 18.35-37 2

INTRODUÇÃO 

Apesar de Jericó ter uma fama de cidade amaldiçoada, foi nela que o Senhor Jesus escolheu para operar um dos maiores milagres do seu ministério. Jesus, seus discípulos e a multidão que sempre O acompanhava entraram na cidade de Jericó (v.46a).

Parece imperceptível, mas há um intervalo entre a primeira parte do versículo 46 e o final do mesmo versículo. Corroboram ainda para este entendimento os vv. 35 a 37 do capítulo 18 Evangelho segundo Lucas, o qual também há um intervalo do v. 37 para o v. 38.

Na época de Jesus, Jericó era a segunda cidade da Judéia. Por ter sido uma cidade real, ainda guardava as características arquitetônicas de uma cidade fortificada, geralmente com apenas um acesso.

Por haver um grande fluxo e trânsito de pessoas importantes, era neste acesso que se aglomeravam as pessoas mais necessitadas: doentes, pedintes a espera de homens piedosos, tal como o paralítico na porta formosa.

Neste acesso é onde o cego Bartimeu mendigava. Mas certa feita, ele escuta uma movimentação acima do normal de uma grande multidão e começa a perguntar aos que gozavam da visão o que estava acontecendo e de pronto veio a resposta: “É Jesus de Nazaré passando” (Lc 18.37).

Creio que nesta hora o cego foi informado do poder curador e começou a lutar para se aproximar daquele que poderia mudar a sua situação e conceder o seu milagre. Mas devido a multidão e a sua limitação visual ele não logrou êxito no seu intento.

Quando o povo sabe que tem um movimento, não se importa para os problemas alheios. Os mais fortes querem estar no meio do movimento, a exemplo do paralítico do tanque de Betesda. Mas quando Jesus passa, “não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha, nem tampouco dos sábios o pão, nem tampouco dos prudentes as riquezas, nem tampouco dos entendidos o favor, mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos” (Ec 9.11)

Imaginemos estarmos bem pertinho de Jesus, prestes a receber o nosso milagre, mas vermos a benção escapar de nossas mãos. Imagine o que se passou na cabeça do cego de Jericó? Uma coisa é a figueira não florescer ou não ter fruto na vide, outra coisa é o produto da oliveira decepcionar. (Hc 3.17-18).  Apesar da decepção momentânea Bartimeu tinha certeza que teria uma segunda chance.


I – SEGREDOS PARA RECEBER O MILAGRE: SABEDORIA

1 Depois, foram para Jericó. E, saindo ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava assentado junto ao caminho, mendigando, ARA. Apesar de cego fisicamente, o mendigo Bartimeu, que nada tinha, enxergava mais do que o jovem rico, que tinha tudo.

2 E aconteceu que chegando ele perto de Jericó, estava um cego assentado junto do caminho, mendigando. E, ouvindo passar a multidão, perguntou que era aquilo. E disseram-lhe que Jesus Nazareno passava. A maioria das pessoas no lugar de Bartimeu iria passar todo o tempo em que Jesus ficou em Jericó andando, tropeçando atrás de Jesus. Igualmente, muitos vagueiam por aí ao ouvirem que Jesus está passando em algum lugar. Mas Bartimeu foi sábio e sabia que se a cidade só tinha um acesso Ele iria retornar elo mesmo lugar e desta feita ele teria que usar que sabedoria para se aproximar de Jesus.

3 Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação.

4. A sabedoria não é adquirida apenas em universidades, compêndios ou com a vida. O Senhor é quem dá a sabedoria (Pv 2.6). O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a prudência (Pv 9.10). Apenas os loucos desprezam a sabedoria (Pv 1.7). A sabedoria é melhor do que a força (Ec 9.16). Quem não tiver o “espírito de sabedoria”, peça (Ef 1.17; Tg 1.5).


II – SEGREDOS PARA RECEBER O MILAGRE: INTEGRIDADE

1 Deus procura aqueles que ficam na brecha (Ez 22.30). Jesus vai passar em nossas vidas e temos que clamar e ficarmos na posição para recebermos nosso milagre.

2 Muitos correm atrás de benção aqui, ali ou alhures. Mas a palavras de Deus diz que estes sinais seguirão os que crerem (Mc 16.17).

3 Tapar as brechas também fala de integridade.

4 Integridade é caráter, que é mais que boa reputação.

5 Tal como Jesus temos que nos preocupar com a nossa reputação para os de longe e para os próximos (Mt 16.13-16)

6 Reputação é como as pessoas lhe veem, caráter é como nós nos vemos. Reputação é como as pessoas acham que você é, caráter é como realmente somos. Quem tem boa reputação se comporta bem quando os outros veem, quem tem caráter se comporta bem quando ninguém vê. Representando graficamente reputação e caráter, este seria um círculo menor dentro da reputação.

7 Logo, todos que têm um bom caráter têm uma boa reputação, mas nem todos que têm uma boa reputação têm um bom caráter.

8 Infelizmente, o talento tem preterido o caráter.

9 Se Deus tivesse que dar testemunho de ti o que Ele diria? Observaste tu a meu servo Felipe? (Jo1.8) 

10 Como membros do corpo de Cristo nos temos que betumar as fissuras da nossa arca por fora e por dentro (Gn 6.14) 

11 As únicas duas coisas que Deus procura e se agrada quando acha, provavelmente pela escassez, são adoradores e aqueles que tapam as brechas.


III – SEGREDOS PARA RECEBER O MILAGRE: CLAMAR

1 Jesus Filho de Davi! Tem misericórdia de mim. Clamarmos mesmo nas adversidades. Clama a mim e responder-te-ei (Jr 33.3)

2 O clamor move o coração de Deus.


CONCLUSÕES

1 Talvez Jesus tenha passado com intensidade perto de nós e perdemos a oportunidade. Mas se tivermos sabedoria, integridade e clamarmos, desta segunda vez que Jesus passar Ele vai parar e te chamar pelo teu nome e conceder o teu milagre. 

Todo chamado envolve renúncia. O jovem rico sofria de miopia espiritual e não enxergou o que Jesus tinha para ele, mas o cego Bartimeu enxergou longe renunciou tudo que tinha (sua capa) e Jesus concedeu o seu milagre. Quando nos esvaziamos de nós mesmos o Senhor nos enche dEle.

3 Bartimeu queria a cura dos olhos físicos (ophtalmoi), mas Jesus curou também os olhos da alma (ommata). “Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” (Ef 3.20).

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